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Sala de Jantar

As minhas receitas, as receitas de outros e umas deambulações pela gastronomia. Sabores com memória, sabores para partilhar.

Sala de Jantar

As minhas receitas, as receitas de outros e umas deambulações pela gastronomia. Sabores com memória, sabores para partilhar.

Espargos Bravos

Maurício Barra, 20.08.11

 

ESPARGOS BRAVOS
Os espargos bravos são o "pão nosso de cada dia" no Alentejo. Com ovos mexidos, a dar sabor a umas migas, grelhados para acompanhar carnes também grelhadas, a imaginação de "saber feito" transforma estes espargos num sempre bem vindo produto no nosso prato.
Hoje vou juntar mais duas receitas, bem simples e que provavelmente conhecerão, às quais atribuo a qualidade de colocar o espargo bravo no centro do sabor da confecção. Bem adequadas a este Verão.
ESPARGOS E CENOURA COM MOLHO DE MOSTARDA E MEL

Ingredientes:
mini cenouras ou cenoura cortada em juliana
espargos bravos
manteiga
um dente de alho
uma colher de mostarda de Dijon
uma colher de mel
sal, pimenta e salsa

Confecção:
Cozer os legumes. 
Misturar todos os ingredientes do molho.
Emulsionar com os legumes e servir.
RISOTTO DE CAMARÃO COM ESPARGOS BRAVOS

Ingredientes:
chalotas ou cebola picada
caldo quente ( da sua preferência : legumes, marisco,etc )
vinho branco
azeite
arroz Arborio ou Carnaroli
camarão descascado 
espargos bravos, pelados
parmesão ralado ( ou, ainda melhor, queijo da ilha ralado )
manteiga

Confecção:
Ferver o caldo com o vinho branco, reduzir o lume ao mínimo e deixar ficar a borbulhar.
Num tacho, branquear a cebola picada em azeite. Juntar o arroz e misturar bem para o arroz assumir o refogado. Juntar o  caldo com o vinho branco e continuar a misturar bem o arroz. Continuar o processo até o arroz estar cozido ( 20 a 25 minutos ). Um pouco antes de estar concluído juntar os camarões e os espargos, cortados ao meio. Emulsionar até o  arroz  ficar cremoso. Tirara do fogo e juntar a manteiga e o queijo ralado.
Temperar com sal e pimenta, se necessário, e servir imediatamente.

Uma lista destas não se perde ( 2 )

Maurício Barra, 13.08.11

 

Para nosso prazer e registo, o nosso Embaixador em França prolonga por Trás-os-Montes e Alto Douro o roteiro, de experiência feito, sobre o quê e onde bem refeiçoar. Bem haja, porque uma listas destas não se perde. Com a devida vénia, copio-a aqui vinda dos Duas ou Três Coisas. E recomendo que visitem também o site ponto.come.blogspot, na qual o nosso Embaixador nos fala sobre gastronomia.

 

« "Serviço público" (2) - restaurantes de Trás-os-Montes e Alto Douro. 

O exemplo do Minho, sobre o qual foi aqui apresentado um roteiro gastronómico (bem pessoal, entenda-se), levou a vários pedidos para um empreendimento idêntico sobre Trás-os-Montes e Alto Douro. Vamos então a isso. 

Se se entrar em Trás-os-Montes pelo Porto, pode-se sempre parar, já depois de Amarante, no Marão, em direção a Vila Real, pouco antes do Alto de Espinho, na Pousada de S. Gonçalo, agora lamentavelmente reduzida a um "franchising", pelas Pousadas de Portugal. O nível da cozinha já não é o mesmo de antigamente, mas ainda é uma opção possível. Mas Vila Real está a menos de 20 quilómetros... 

Já perto de Vila Real, e se quiser uma experiência "radical", em termos de mergulho numa comida muito popular, pode procurar-se, fora do IP4, a Toca do Lobo, em Parada de Cunhos, na estrada antiga, voltando em direção ao Porto. Atenção: oferta restrita e muita simplicidade. 

Vila Real, as coisas mudaram muito. Com o velho Espadeiro a já não honrar outros tempos e depois da misteriosa desaparição do excelente Barriguinha Cheia, a cidade tem hoje poucos pontos altos. Sem a menor dúvida, o Cais da Villa, junto da estação de caminhos de ferro, é a melhor opção atual no burgo, se bem que com preços um tanto exagerados. Não muito longe, no bairro da Araucária, come-se bastante bem no Vilalva, uma cozinha renascida pelas mãos de João Rodrigues. Seguindo pelo velho circuito, em Abambres, encontrar-se-á o Maria do Carmo, uma casa clássica, que se destaca por uma grande constância e pratos abundantes. Na parte alta da cidade, perto da igreja da Nossa Senhora da Conceição, pode-se ir com toda a segurança ao Museu dos Presuntos, onde o Silva apresenta produtos de excelência, da zona de Montalegre, com uma imbatível escolha de vinhos do Douro. Na cidade, não se fica nem desapontado nem deslumbrado no Terra de Montanha. Bem como, perto de Mateus, no Quinta do Paço, em Arroios. 

À saída da cidade, na rotunda antes de entrar na estrada antiga para Chaves, muito próximo da IP4, encontra-se, primeiro, o Lameirão, com pratos simples, escassos, mas de qualidade e a preços moderados, e, logo adiante, o Chaxoila, no enésimo renascimento de um restaurante histórico, como instalações renovadas (mas sempre com a velha e agradável ramada exterior) e uma restauração muito recomendável. 

A caminho do norte, esquece-se o Passos Perdidos, que, na minha modesta opinião, já se perdeu há muito e nem se ousa parar em Vila Pouca de Aguiar. Nas Pedras Salgadas, visita-se o Conde, junto à antiga estação. Nele, o Francisco apresenta uma cozinha honesta, sem gongorismos e a preços moderados. 

Segue-se depois para Chaves, também sem parar em mais sítio nenhum, nem mesmo em Vidago: o restaurante do belo e renovado Hotel Palace tem, para o meu gosto, uma má relação qualidade-preço. 

A restauração de Chaves tem um historial interessante: recordemos o Cinco Chaves, o restaurante do Trajano, o Comercial, o Aurora, os bons tempos do Retornado e o período áureo do Leonel. Hoje, porém, as coisas são diferentes. O Carvalho, com a cozinha da dona Ilda, impõe-se como a principal referência gastronómica da cidade, no Tabolado, junto às termas. Não nos devemos esquecer também, para uma comida regional sólida e segura, da Talha, do João Monteiro, a seguir ao quartel, no caminho para a A24. Para uma oferta tradicional, a preços muito razoáveis, há sempre o histórico Aprígio, do nome do proprietário, embora difícil de encontrar. Muito mais fácil de localizar é a adega do Faustino, no centro da cidade, com os seus clássicos tonéis, um pouco incómoda para se comer, mas muito típica. E convém lembrar, perto do aeroporto, o muito recomendável Canjirão, que há pouco descobri, com uma lista de qualidade e preços muito confortáveis. Não sei como vai o restaurante do Hotel Forte de S. Francisco, que há um ano oferecia uma gastronomia séria, quando por lá preponderava na gestão o meu amigo Ramos. 

A ocidente, de Boticas não tenho notícias, depois da desaparição, já há muito, do Santa Cruz (ah! aquelas trutas lardeadas com presunto!). Se for só para comer, não vale a pena ir a Montalegre, mas, se se tiver de ir, o Nevada é a escolha certa, depois do Falta d'Ar já ter perdido o dito. Se se avançar pela estrada em direção ao Gerês, há, nos Pisões, o Sol e Chuva, com um panorama deslumbrante no Verão. 

Mas voltemos um pouco a sul. Entrando na região pela Régua, logo em Lamego (que é Beira Alta, eu sei) pode-se ir, à confiança, a um clássico muito simples, junto à Sé, a Casa Filipe. Ainda antes de chegar a Régua eu recomendaria, muito vivamente, uma desvio de alguns quilómetros, na estrada para o Pinhão, para uma ida ao DOC, na Folgosa. Não é barato, mas é muito bom. A cozinha inventiva do Rui Paula (que vem do Cepa Torta, de que já falaremos, e que hoje se prolonga no DOP, no Porto) é uma das grandes conquistas da restauração nortenha (e, eu diria, nacional). No proprio Pinhão, há o restaurante da Vintage House, com preços "estrangeiros" e lista convencional. 

Chegados à Régua, podemos ir ao Castas e Pratos, nos armazéns da estação (que inspirou o Cais da Villa, em Vila Real), ou ao Douro In, num primeiro andar junto ao rio. Em ambos, come-se bastante bem. Fora da cidade da Régua, a alguns quilómetros, reservando e tendo paciência para o ar grave do dono, é muito recomendável o cabrito da Repentina, em Poiares. Perto de Mesão Frio, a Pousada Solar da Rede é uma opção simpática, embora cara. 

Mudemos de ares. Lá mais para cima no mapa, come-se bem, em Alijó, no Cepa Torta, onde "nasceu" o Rui Paula, de quem já falei. No caminho para Bragança, em Macedo de Cavaleiros, tendo deixado de ser opção esse pouso clássico que era a Estalagem do Caçador, falam-me agora bem do Brasa, mas não conheço ainda. No caminho de Macedo para Mogadouro, deve visitar-se o histórico Saldanha, em Peredo, onde o João Saldanha é mestre há quase meio século. Em Mirandela, a grande novidade nos últimos anos é o excelente Flor de Sal, onde o azeite é rei e senhor. É uma bela experiência, junto ao rio, à entrada da cidade. Há por lá também uma cozinha sempre sólida, mas não muito inventiva, no Grês. Já há muito que não vou ao Maria Rita, no Romeu, um espaço rural inesquecível onde sempre se comeu bastante bem, fugindo das enchentes de fim de semana. 

Chegandos a Bragança, temos várias opções. O Solar Bragançano é o pouso mais seguro, com bons produtos e uma bela história a honrar. Noutros tempos, ia-se também ao Lá em Casa, mas já se foi na sua tradição. Uma boa opção é, desde há vários anos, o Geadas, de onde nunca saí insatisfeito. É claro que a Pousada de S. Bartolomeu é sempre uma possibilidade segura, embora com um preço relativamente alto para o que oferece. 

A ocidente de Bragança, em Vinhais, no caminho para Chaves, nunca comi. Falam-me que, por aí, o sítio recomendável é o Fraga dos Três Reinos, no lugar de Moimenta. No lado oposto, em Gimonde, recomendo vivamente o Dom Roberto, numa terra onde o Quatro foi, no passado, uma alternativa à altura.  Mais adiante, em Miranda do Douro, não há que hesitar: vai-se à Balbina. Ou, se se preferir andar uns quilómetros mais, pode provar-se a mais histórica das postas mirandesas, em Sendim, na Gabriela. Ainda um pouco mais adiante, a Lareira, em Mogadouro, é "o" lugar da cidade. Um pouco mais para o sul, recomenda-se o já clássico Artur, em Carviçais (que terá crescido um pouco demais) e falam-me bem do Lagar, em Torre de Moncorvo, que nunca experimentei. 

E aqui fica uma peregrinação básica por algumas mesas nortenhas. Aproveitem, mas não se queixem, por favor! ».

 

Tequilla

Maurício Barra, 07.08.11

 

(*) Tequila foi produzido pela primeira vez no século 16 perto do local da cidade de Tequila, localidade com existência registada em 1656. Os astecas faziam uma bebida fermentada a partir do agave, planta a  que chamavam octli (mais tarde, e mais popularmente chamada pulque), muito antes dos espanhóis chegaram em 1521. Os quais a começaram também a destilar de uma forma primitiva.Cerca de 80 anos mais tarde, por volta de 1600, Dom Pedro Sanchéz de Tagle , o Marquês de Altamira, começou a produzir tequila,  na primeira fábrica em território de Jalisco. Até 1608, inclusivamente, o governador colonial de Nueva Galicia começou a tributação dos seus produtos.
Don Cenobio Sauza, fundador da Tequila Sauza e Presidente Municipal da Vila de Tequila em 1884-1885, foi o primeiro a efectuar a exportação de tequila para os Estados Unidos,  encurtando o nome de "Tequila Extract" para apenas "Tequila" . Cenobio , ganhou a atenção internacional por insistir que "não pode haver tequila onde não há agaves!
Seus esforços levaram à prática de que tequila real só pode vir do Estado de Jalisco.