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Sala de Jantar

As minhas receitas, as receitas de outros e umas deambulações pela gastronomia. Sabores com memória, sabores para partilhar.

Sala de Jantar

As minhas receitas, as receitas de outros e umas deambulações pela gastronomia. Sabores com memória, sabores para partilhar.

Sabores Sintrenses em versão Gourmet

Maurício Barra, 03.03.14

 

 

Por vezes somos surpreendidos mesmo à porta de casa.

A surpresa encontrei-a na EPAV (Escola Profissional Alda Brandão de Vasconcelos, estabelecimento de ensino profissional que leva o nome da filha do médico, agricultor, deputado e dirigente associativo António Brandão de Vasconcelos, famoso no primeiro terço do século passado, por ser uma mistura de João Semana das famílias pobres da freguesia, benfeitor atento aos problemas da terra e empreendedor de sucesso, que em herança estipulou a criação de uma escola agrícola para instrução dos jovens destas terras do extremo da serra de Sintra, para que a agricultura local e a Adega Regional de Colares, que fundou, não finasse por falta de técnicos capazes).

Mantendo os ensinos agrícolas que lhe granjearam fama, onde aliam o ensino teórico e a prática do mesmo na quinta agrícola de que é proprietária, com o decorrer dos anos alargaram o âmbito dos cursos técnicos que ofereciam, entrando em diversas valências, das quais hoje quero destacar as relacionadas com os cursos profissionais de hotelaria. Com destaque para os cursos de Restaurante e Bar, e Cozinha e Pastelaria.

Para o efeito criaram um hotel-escola, no qual os alunos demonstram factualmente, com clientes e convidados, os resultados da sua formação. E foi num destes jantares de prática, para o qual fui um dos convidados, assim como a Confraria dos Sabores Sintrenses, que me caiu no prato a melhor surpresa que, para quem é amador da gastronomia, pode encontrar: criatividade, profissionalismo e alta qualidade numa ementa de que todos nós conhecíamos o bilhete de identidade.

 

Eis a ementa sobre o tema Sabores Sintrenses:

 

Entradas

Açorda de Alho

Mexilhão de Cebolada com Pezinhos de Leitão

 

Pratos Quentes

Polvo Cozido com Batata Torneada e Grelos

Pargo com Caldeirada

Carne de Porco das Mercês

Vitela à Sintrense com Favas

Leitão Assado com Batata Crocante

 

Sobremesas

Nozes Douradas de Galamares

Queijadas de Sintra

Travesseiro de Sintra

Fofo de Belas

Nata de Mação

 

Sobre o repasto, eis as minhas notas.

Após um amouse bouche do chef,  hors d’oeuvre do que viria a seguir,  começar a refeição pela tão esquecida açorda de alho saloia, um simplicíssimo caldo de água e alho estalado em azeite que embebe fatias do nosso bom pão saloio, foi uma decisão informada e  acertada . A tradição de começar os jantares por um consommé é a melhor forma de predispor e preparar a digestão de uma refeição no ocaso do dia.

Nos pezinhos de leitão com o mexilhão de cebolada, a junção da untuosidade dos extremos porcinos com o sabor a mar dos moluscos bivalves foi uma surpresa inesperada: entranhou-se logo de tal forma que já nem deu tempo para estranhar-se.

O polvo cumpriu os termos da regra, o pargo com caldeirada, com esta armada em su sítio, estava excelente, enfatizando a alta qualidade e fibra do bossudo e rosado “Pagrus pagrus” tão tradicional neste litoral.

A carne de porco das mercês foi o que tinha de ser, sem estar acolitada pela desnecessária fritalhada de batatas ( a receita original é só a carne devidamente confeccionada com pão saloio a acompanhar ), assim como o leitão, na versão de Negrais ( receita com tradição de mais de 150 anos, conforme me elucidaram quando questionei sobre a ancestralidade desta confecção em terras sintrenses ).

A vitela é que não foi a que eu esperaria. A recomposição, feita com qualidade e associando bem os ingredientes a que se propunha, desconstruiu a tradicional vitela assada de Sintra (uma confecção prima da vitela de Lafões e da alcatra açoriana), não se encontrando nesta versão a memória de um sabor conhecido.

Para as sobremesas estava guardada uma última surpresa. A acompanhar exemplares das referências mais fortes da gastronomia sintrense, fomos presenteados com a Nata de Maçã, uma criação da equipa de pastelaria da EPAV, com patente já registada e que, digo eu, quando começar a ser comercializada, vai ser um sucesso garantido. É superlativa. Só quando tiverem oportunidade de provar uma é que vão perceber o que agora afirmo.

O vinho servido foi o Chão Rijo reserva, do amigo José Baeta da Adega Viúva Gomes de Almoçageme, tendo o líquido de Baco assistido a toda a refeição com galhardia e agradáveis encores.

 

Confeccionada e servida à mesa pelos alunos do último ano do curso profissional, sob direcção dos respectivos chefes/professores de Cozinha, Pastelaria e Restaurante, a prova foi amplamente aprovada, com sentida aclamação às respectivas equipas no termo da refeição, num agradecimento ao trabalho feito que reflecte a qualidade exemplar de uma boa escola profissional que orgulha os colarenses.

Como se diz por aqui, enquanto “os outros ainda estão a ir, já estes estão a vir “.

 

 

 

  

 

1865 Um curioso Roteiro de Viajante de Lisboa

Maurício Barra, 18.10.13

 

 

 

 

 

Editado em Lisboa em 1865, este Roteiro do Viajante em Lisboa dá uma lista exaustiva do alojamento disponível na capital em meados do século XIX.

O termo viajante  define a época: ainda não havia turistas no sentido em que o conhecemos hoje. Naquele tempo não se ia rapidamente a lado nenhum. Não havia estradas asfaltadas,  os transportes eram de tracção animal, deslocar-se exigia haver familiares ou conhecidos no destino que suprissem alojamento. Ou quem recomendassem casas que os pudessem alojar. As deslocações eram custosas, demoradas, as estadias raramente eram breves. As famílias deslocavam-se muitas vezes com amas e criados, as malas que transportavam consigo estavam de acordo com o período da viagem ( por exemplo, os primeiros hotéis construídos no Monte Estoril tinham um sótão onde ficavam alojados os empregados das famílias que hospedavam ).

Em 1865 havia em Lisboa vinte e seis - eu ia dizer hotéis, mas o conceito então, sem legislação aplicável, tinha uma larga latitude - unidades de alojamento com áreas públicas comuns ( o Bragança permanece e aparece mais tarde nos livros de Eça ), e oito Hospedarias, as quais, presumo, serviriam para dormir e pouco mais.

Havia oito Restaurantes e Casas de Pasto, mas o autor recomenda a Taberna Ingleza, pelo seu asseio e serviço à inglesa, ou seja, alguém, vindo de servir na copa da mansão de algum membro da corte ou de algum burguês mais abastado, percebeu que servir os clientes à mesa com criado de libré, segurando a  travessa pelo lado direito do hóspede, era o requinte que faria a diferença. Diz também o autor, a quem o lê, que não se envergonhe de frequentar as ditas Casas de Pasto, pois lá encontrará gente de "colarinhos primorosamente engomados"  que entram "pela porta dos envergonhados", ou seja, pela porta de serviço das traseiras. Isto treslido dá a entender que a frequência destas casas seria um pouco "afadistada".

Recomenda ainda, o referido roteiro,  cinco Cafés. Felizmente, um deles ainda existe -  o Martinho  - e outro "fez" literatura e um dos melhores bifes de Lisboa , o Marrare.

Refere ainda três Estabelecimentos de Banhos. Só recomenda um. Ainda bem, porque um dos outros, o de Rilhafoles, para os lisboetas ressoa a maluqueira.

Por último, o ditoso autor faz recomendações às famílias que venham da província a Lisboa : por favor, não se alojem nos Hotéis nem nas Hospedarias. Aluguem casas particulares, porque há muitas, e assim evitam "poupar-se a muitos desgostos "

 

 

Post Scriptum

Escreve-se viagem ou viajem ?

Pois bem, os dois termos estão correctos. A sua aplicação é que tem nuances.

Ora vejam :

« As duas palavras existem na língua portuguesa e estão corretas. A palavra viagem é um substantivo comum, sinónimo de jornada e deslocamento. Viajem é a forma do verbo viajar conjugada na 3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo ou na 3ª pessoa do plural do imperativo. Viajar se refere, principalmente, ao ato de se deslocar, passear, transitar, visitar.

Assim, se estamos falando de uma jornada, de um passeio para um determinado lugar, de um deslocamento de alguém de um ponto mais próximo para um ponto mais distante, devemos utilizar o substantivo comum viagem. Esta palavra pode ser ainda uma gíria que significa uma experiência de alterações sensoriais provocadas por substâncias alucinogénias. Viagem tem sua origem no provençal viatge, pelo latim viaticu. Deve ser escrita com g por causa de uma regra da língua portuguesa que afirma que os substantivos terminados em –agem, - igem, -ugem são escritos com g: viagem, passagem, imagem, origem, vertigem, ferrugem, penugem.

 

Se estivermos falando do verbo viajar conjugado na 3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo ou na 3ª pessoa do plural do imperativo, devemos utilizar viajem. O verbo viajar é formado a partir do substantivo viagem mais o sufixo verbal –ar, sendo escrito com j para manter a sonoridade. Viajar se refere ao ato de se deslocar de um lugar para outro, de percorrer caminhos, de visitar países e cidades. Pode significar também o ato de ter alucinações, delirar, sonhar, imaginar.

Conforme as regras ortográficas da língua portuguesa, devemos escrever com j todas as formas verbais dos verbos terminados em –jar: viajar (viajo, viajas, viaja, viajamos,…), trajar (trajarei, trajarás, trajará, trajaremos,…), arranjar (arranjava, arranjavas, arranjava, arranjávamos,…).»

in Dicionário On-Line Português

fotografias via Restos de Colecção

De uma Ementa Real ao Saint Hubert

Maurício Barra, 14.10.13

 

 

11 de Novembro de 1903

Menu de um jantar realizado no Real Paço do Monte Estoril, com as armas reais de Portugal e Itália (Sabóia) feitos na época em que a Rainha,

a Senhora Dona Maria Pia, já viúva de S.A.R. o Senhor Dom Luís I, aí residia no Verão.

Colecção Paulo Machado de Jesus



 

Para um amador da boa mesa, a curiosidade deste cardápio com mais de um século  é analisar os produtos que o constituíam e as confecções a que eram sujeitos. Reparamos que estava escrita em francês e que incluía galinhola, que os amantes da caça consideram o rolls-royce das aves bravas. As confecções tinham todas o nome do molho que as envolvia, forte tradição francesa que permaneceu e influenciou, sobretudo a hotelaria tradicional, até ao fim da segunda guerra mundial. 

Dos pratos descritos nesta ementa há uma confecção, precisamente o da galinhola, que, apesar de rara, ainda se encontra em alguns restaurantes mais clássicos : o Saint Hubert. 

Recolhendo o nome de Saint Hubertus or Hubert (c. 656–727 A.D.), santo cristão patrono dos caçadores, é uma confecção que , obviamente, se aplica a pratos de caça. 

A sua confecção inclui invariavelmente cogumelos selvagens ou de Paris, manteiga, bagas de zimbro, maçãs cortadas em dados, ervas aromáticas e uma boa aguardente.  E natas, claro, ou não fosse uma receita francesa. 

Aplica-se a todo o tipo de caça ( excepto coelho bravo e as andarilhas orelhudas saltitantes ), confecciona-se normalmente em sautés onde, em frigideira, se salteiam as carnes previamente marinadas adicionando os ingredientes descritos. 

É bom, muito bom. 

Agora que a caça é praticamente inexistente fora do Alentejo, recomendo que apliquem esta receita em costeletas de porco cortadas à inglesa ( largura da costela ), as quais também devem ser marinadas, que poderão acompanhar com castanhas salteadas ( elas estão a vir, estamos quase no S. Martinho ) e um bom esparregado. 

Bom apetite.

Da Senhora da Graça às Mercês, ou de como assistir o divino nas alturas cultivando o profano cá por baixo.

Maurício Barra, 14.10.13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tiveram lugar, em Almoçageme, as 245 ª Festas da Senhora da Graça. Duzentos e quarenta e cinco anos  em que a comunidade de Almoçageme comemora e comemora-se. Durante cinco dias coexistem uma festa profana de agradecimento divino, uma procissão devota que percorre toda a vila, uma festa que encerra o ano agrícola e o fim da época estival, juntando-se assim na mesma data as tradições milenares e as comemorações religiosas. Os proventos obtidos pela Festa são sempre para oferecer para fins de solidariedade definidos pela própria população.

Com a presença de toda a população e de muitos forasteiros, junta à comemoração religiosa a presença da Banda Filarmónica de Almoçageme, a Guarda de Honra dos Bombeiros Voluntários, conjuntos de baile, a banda das arruadas, o restaurante da Adega, quermesses e divertimentos para as crianças, o espectáculo de fogo-de-artifício e, para não variar, as cavalhadas, um jogo normalmente realizado por crianças e adultos dos sexo masculino, que consiste em retirar, sempre em circulação, com uma seta de madeira uma argola de uma gaiola, sem a deixar cair no chão até o jogo acabar. E a entrega da vitela ganha no sorteio das rifas.

 

A historiadora Maria Teresa Caetano, em conjunto com Joaquim Leite, produziu uma edição, completa e definitiva, sobre a origem e usos da Festa da Nossa Senhora da Graça, que têm lugar em Almoçageme desde 1758. Neste artigo apresentamos, retirado do livro, a origem desta tão antiga festividade.

« Num reconhecido júbilo pelo facto de o violento sismo do dia de Todos-Os-Santos de 1755 não ter provocado senão danos materiais, deu-se início à construção, numa terra de semeadura, de uma Igreja consagrada a Nossa Senhora da Graça [ ] a documentação subsistente esclarece que o templo " teve seo principio em o anno de 1758 feitos Com esmolas dos moradores do ditto logar, e dos nasionais delle, existentes em a Cidade de Lixbo e de outras pessoas devotas, sendo seo director, administrador, e maior de Votto Joze Gomes da Costa". Dez anos depois, celebrou-se a primeira missa no novel templo, a 15 de Agosto. E, alguns meses mais tarde, a administração da Igreja foi entregue - por Maria da Apresentação, viúva do administrador que fora "Deus servido chamalo para si á tempo que a ditta Igreja, se achava já coberta de telhado, e fechada de portas " - aos habitantes da aldeia conforme se pode ler no citado "Livro da Receita e despeza das obras de Nosa Senhora da grasa ". E a belíssima imagem da Virgem invocada foi, segundo a tradição oral, oferecida como pagamento de uma promessa de um conterrâneo que em viagem marítima, do Algarve para Lisboa, se salvou de um temporal à entrada da barra do Tejo.[]

Com a Graça da Senhora, deu-se início , ainda no séc. XVIII, numa terra aonde não acudia qualquer romagem, à festa em seu louvor : " Devesse solenizara Senhora da Graça no primeiro Domingo de Outubro Dominga Santíssimo Rozario [] O fervor mariano, espelhado nesta renovação de fé,, acabaria por ditar o abandono e sequente ruína da ermida manuelina devotada ao apóstolo André, que estava a cargo do "Ouvidor das Terras da Raynha", da qual apenas subsiste gracioso cruzeiro maneirista.

Pouco se sabe, no entanto, acerca dos primórdios dos festejos pois a - rara - documentação subsistente não é esclarecedora quanto à estrutura desta celebração mariana, nem, tão pouco, nos informa acerca de uma das mais interessantes particularidades desta que se subsume na razão de ser feita apenas por indivíduos ( recém ) casados, que, por um dois anos depois de celebrado o matrimónio, são convidados a "fazer a festa". Esta participação assumia-se - e assume-se ainda hoje - como verdadeiro "rito de passagem", porquanto a festa da Nossa Senhora da Graça era, na verdade, pela sua estrutura organizativa, a assunção da "maioridade" plena dos jovens casais. [ ] Outro aspecto a salientar prende-se com a necessidade de garantir a sua continuidade ao obter-se, ainda mesmo antes do término do evento, a formação de uma comissão para o ano seguinte. E poderá, talvez, radicar aqui uma das razões pelas quais esta festa - segundo se diz- nunca tenha ficado por fazer.

De igual modo eram formulados os convites ao juiz e à juíza da festa, por norma pessoas social e economicamente bem posicionadas, que tinham como função presidir aos festejos - em particular, à procissão -e, em contrapartida, ficavam "obrigados" a " dar uma esmola gorda". [ ] Assim, no sábado, os festeiros iam - e vão ainda - à casa do juiz entregar o pendão e a medalha e , seguidamente, à da juíza oferecer uma outra medalha. E, no Domingo, os festeiros acompanhados pela banda e por homens que transportam as gigas, forradas com " lindos lençóis ou toalhas de linho e enfeitadas com flores naturais, iam à casa do juiz e da juíza para os cumprimentar " e conduzir à Igreja para, em lugar destacado, presidirem à missa e, depois, à procissão, na qual o juiz - acompanhado pela juíza - carreava a bandeira da Senhora. As gigas eram benzidas durante a missa e dali levadas para o sítio do arraial onde se vendiam os bolos. Nesta altura, os bolos da festa "não eram comprados, eram os festeiros que levavam o trigo ao moleiro. Com a farinha moída faziam os bolos da festa e a cada fornada terminada era lançado um foguete " e aqueles que andavam nos campos, a trabalhar, "sabiam que tinham saído mais bolos".

Por este tempo a festa era " feita pelos fazendeiros, depois é que começou a ser feita pelos que andam à jorna ", de modo a que os eventuais prejuízos causados pela chuva outonal que, muitas vezes, "estraga a festa" fossem prontamente cobertos. Era também frequentes festeiros competia, para além da organização do evento, zelar pelo "ouro" da Nossa Senhora da Graça. Este "ouro" , bem como os excedentes monetários da festa, era guardado num cofre de madeira chapeado e ferrado - a burra - que era, secretamente, entregue a um dos festeiros. A burra tinha três chaves que eram distribuídas por outros tantos festeiros, garantindo-se, deste modo, que a abertura do cofre só era possível na presença daqueles elementos da comissão.»


 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CARNE DAS MERCÊS 

 

Uma das vitualhas que são parte integrante dos cardápios desta Festa é a famosa Carne das Mercês, localidade vizinha que apadrinhou um prato que é comum a toda a região saloia a ocidente de Lisboa.  Pelos dias de hoje a sua confecção anda pelas ruas da amargura : fritam a carne do porco e chama-lhe o que não lhe devem chamar. Recorro ao grande Luís Pontes e trago-vos o que lhe se oferece dizer sobre a sua verdadeira confecção.

 

A verdadeira receita da Carne das Mercês 

A Feira das Mercês, antiquíssimo vestígio do culto popular do Divino Espírito Santo, realiza-se nas duas últimas semanas de Outubro, numa quinta que foi casa do Marquês de Pombal na zona saloia, entre Rio de Mouro e o Algueirão. 

A Carne às Mercês é um dos poucos “confitados” (há mais 4 ou 5 na cozinha tradicional portuguesa, geralmente não identificados como tal) da nossa cozinha popular e não tem nada a ver com as “carnes às mercês” das tabernas e cervejarias lisboetas, essas sim carnes de porco fritas (bem ou mal) e em tudo iguais, excepto na massa de pimentão, à carne de porco alentejana (sem amêijoas). 

Bom, como parece que ninguém se lembrou de fixar a receita antiga de Carne às Mercês, eu corro o risco de ser o único a poder fazê-lo e fá-lo-ei aqui que este é um petisco bom demais para se perder. 

 

Ingredientes:

 

1kg de rabadilha de porco

 

1 colher de sopa de pimentão em pó

 

5-6 dentes de alho

 

5-6 folhas de louro

 

Sal grosso e pimenta preta

 

150g de banha de porco

 

2,5dl de vinho branco

 

2 colheres de sopa de vinagre (facultativo*)

 

 

 

Preparação:

 

Corte a carne em pedaços com a volumetria aproximada de uma noz, tempere-os, junte o vinho e o vinagre* e deixe por 24 horas (mas melhor por 48h) no frigorífico*. 

Ponha esta carne com a marinada numa assadeira ou frigideiras de barro, por cima coloque a banha e leve ao forno, regulado para 120ºC com calor por baixo, durante cerca de 4 horas. 

Durante este tempo a carne mal fervilha e a película de banha que se forma sobre a marinada impede a sua evaporação. 

Isto é essencial para que a carne vá confitando lentamente, adquirindo aquela tenrura não-desfeita que só a baixa temperatura e o tempo conferem. 

Depois destas horas é tempo de finalizar: é agora que a carne já confitada vai ser frita. Passe a temperatura para 250ºC ou, mais prático, passe a assadeira para o lume do fogão, forte, e deixe que a marinada se evapore por completo e a carne fique alourada e frita por fora, mexendo sempre. 

No final (cuidado para que os alhos não queimem) junte um golpe de vinho branco, agite para desglaçar os sucos caramelizados e evaporar o álcool e sirva acompanhado de um bom vinho e pão de Mafra.

 

Luís Pontes em Outras Comidas


Adraga, uma história com visionários, peixe, mariscos, barões e vinho.

Maurício Barra, 14.09.13

 

 

Tenho a dupla felicidade de, abaixo da minha aldeia, ter a praia da Adraga e o restaurante que lhe captou o nome. Numa tenho “a minha praia” de sempre, no outro encontro portaló sempre aberto para, ancorado e amesendado, navegar pela noite dentro em conversas infinitas. Trinta anos de uma relação que quero que vá até às bodas de ouro.

Ainda me lembro do pai da D. Suzette a comandar o velho barracão, já bem composto, onde o sabor do mar entrava em todos os pratos, acolitados por uns petiscos de ocasião que puxavam à cavaqueira ( sempre considerei o senhor Lourenço e o pai Muxacho - que também começou com a "barraca " onde hoje é a Estalagem -, pioneiros em restaurantes de praia nesta costa, os visionários num tempo em que ainda não havia marketings ).

Lembro as desgraças. Lembro o vendaval de marés que deitou abaixo um terço do restaurante, as cheias que mais tarde lhe levaram “ as ameias”, mas lembro também a determinação, o eterno retorno, revigorado, com a mesma qualidade de sempre. Lembro uma família a trabalhar arduamente todos os dias para serem sempre melhores. Merecidamente, o resultado do seu trabalho é hoje é uma referência incontornável.

Já na terceira geração, com a quarta a despontar, continua a D. Suzette a oficiar e a comandar os tachos que, no caso, são mais grelhas e frigideiras. Não vou comentar ementas nem sabores. Todos já passaram por cá e sabem o que a “casa gasta”. Por isso voltam. Voltam ao peixe de costa do dia, aos percebes, à amêijoa cristã, à sopa de peixe, aos mexilhões da Roca. E houve tempo que a lagosta também era daqui, da Roca, antes das traineiras raparem os fundos ao mar.

Pois bem, é que é que a Adraga tem a ver com vinho ? É outra história deliciosa.

O Barão Bodo Von Bruemmer, hoje com 102 anos, ao diagnosticarem-lhe um cancro há uns bons cinquenta anos, meteu-se em viajante a conhecer mundo. Veio até ao fim do caminho, o ponto mais ocidental da Europa, quando (segundo as suas próprias palavras), batendo com a cabeça num dos velhos postes de cimento a indicar “camionetas”, olha em redor e vê à sua frente uma quinta sem fabrico agrícola, quase abandonada. Decidiu comprá-la, restaura a mansão da quinta ( Quinta de Santa Maria ) e, vendo que não havia meio de morrer, inicia de raiz uma coudelaria, grande paixão da sua mulher. Por lá andou anos e anos a trotar nesse investimento, até perder o entusiasmo que os proventos não alimentavam. Como a doença não havia meio de se decidir, virou-se para o vinho. E virou-se a sério. Com o velho espírito e rigor prussiano. E as Caves de Santa Maria começaram a ser conhecidas, vinhos de produtor, autênticas pérolas que poucos conheciam ou tinham acesso.

Uma das pérolas é o Senhor da Adraga, um branco que casa na perfeição com a fresquidão do mar que encontramos na mesa do restaurante da propriamente dita.

Como o Barão está rijo e recomenda-se ( sei, porque o conheço ) e a D.Suzette está para “lavar e durar”, convido-vos a passarem por cá. E não é preciso virem com pressa. Eles também não têm pressa nenhuma.

 

 

 

Notas do Produtor

Cor: Palha brilhante com reflexos citrinos.

Aroma: Jovem, muito intenso e com complexidade. Sobressaem notas a frutos tropicais maduros, frutos arbóreos de caroço e florais.

Paladar: Ataque cremoso, acidez refrescante com bom aroma de boca.

Consumo: Deverá ser apreciado a uma temperatura entre os 08-10ºC. Óptimo como aperitivo. Acompanha pratos de carnes brancas com molhos gordos e peixes grelhados gordos.

Caldo Morno

Maurício Barra, 24.08.13

 

 

 

 

Neste país à beira mar plantado, em tempos que já os viveiros que produzem mais de cinquenta por cento do consumo de peixe a nível mundial, ainda temos o privilégio de poder consumir as mais variadas espécies de peixe e mariscos, que nós por aqui chamamos de costa, capturados no seu ambiente natural. Há os mais conhecidos ( sargo, dourada, robalo, anchova, percebes, navalheiras, mexilhão,ameijoa, e todos os correlacionados ) e há aqueles, mais discretos e por vezes desprezados, com  sabores inexcedíveis, mas cujo valor comercial é parco ( rascasso ou galinha-do-mar, safio, pata-roxa,  raia, tremelga, tamboril, peixe-aranha, ruivo, xarroco, bodião, alvabrozes, muxarrinhas, etc ).

Antigamente, estes eram os peixe que "sobravam" das redes, sem comprador, que os pescadores aproveitavam para o seu consumo e que deram origem a todas as espécies de caldeirada que percorrem a costa portuguesa. Peixes de sabor sofisticado, exigiam que a sua confecção fosse a mais adequada para potenciar esses sabores. Confecção que atingia sabores sublimes nas célebres sopas de peixe. E que deram origem a uma confecção muito antiga, hoje esquecida, mas que fazia parte de receituários antigos da cozinha tradicional portuguesa e que, felizmente, já vi recuperada pro uma mão cheia dos novos chefs portugueses : o caldo morno.

Consiste o caldo morno no cozimento lento, em azeite e cebola, refrescado com vinho branco a adubado ao gosto de cada um, dos peixes de pescador mencionados, aos quais, quando estiverem confeccionados, se retirarão todas as espinhas e peles, juntando-as ao caldo obtido no refogado.

Este caldo morno é uma base a partir da qual se pode partir para as mais diferentes opções gastronómicas ( sopas, caldeiradas - neste caso mantendo os peixes inteiros - e peixes, ou mariscos, escalfados.

É esta última versão que hoje vos sugiro.

 

 

PEIXE ESCALFADO EM CALDO MORNO

 

Ingredientes :

um peixe pequeno inteiro por pessoa ( sargo, ferreira, dourada, etc ) ou uma posta de peixe de carne branca e firme por pessoa ( garoupa, corvina, cherne, etc )

mexilhão

ameijoas ( opcional )

mistura de peixe de caldeirada

azeite

cebola, pimento ( opcional ), alho, salsa, louro, piri-piri sêco, sal

vinho branco

água

pão de trigo

batatas ( opcional )

 

Confecção:

Leve a mistura de peixes de caldeirada a cozer num tacho com água , vinho branco, a cebola, o pimento, o alho e a salsa cortados, o piri-piri desfeito e umas quatro ou cinco colheres de azeite. Deixe cozer até o peixe se desfazer. Cinco minutos antes de retirar junte o mexilhão. Retire do lume, deixe arrefecer, retire todas as espinhas ao peixe, coe , aproveite os restos de peixe, esmague e emulsione ( preferindo, pode fazer com varinha mágica ). Tem de ficar uma espécie de sopa de peixe, ligeiramente grossa.Verta este caldo numa assadeira, coloque o peixe que escolheu ( inteiros ou em postas ), e leve a escalfar no forno durante 10 a 15 minutos ( pode variar dependendo da espessura do peixe ). Cinco minutos antes de retirar junte o mexilhão

Sirva com os mexilhões, batatas cozidas com a pele e despeladas, e com pequenas fatias de pão de trigo fritas em azeite.

Butter chicken ou murgh makhani

Maurício Barra, 17.08.13

 

 

Motivado pela minha amiga M. , decidi fazer uma incursão por uma receita tradicionalíssima indiana mas que, num país ainda limitada em comida indiana, andamos sempre pelos currys e tandooris, esquecendo que a Índia é um continente com uma diversidade gastronómica idêntica à que vai dos Urales ao Cabo da Roca. Esta receita, muito comum nos lares indianos, deverá ter tantas as adaptações como quem as confecciona. Neste caso, tive em atenção a receita que M. me indicou, pesquisei e "construí" a minha própria versão.

O nome "galinha amanteigada" poderá afastar, logo à cabeça, a curiosidade de bastantes por esta receita. Mas resulta que, como em muitas coisas da vida, são "mais as vozes do que as nozes", e não resulta da sua confecção um sabor amanteigado da mesma. Aliás, a manteiga, nesta receita, tem a função de transformar em sedosa uma complexidade de sabores muito agradável.

Eis a minha versão.

 

Ingredientes :

galinha ou frango cortado aos bocados

arroz basmati

manga

 

Para marinar a galinha ou o  frango:

1/2 colher de chá de garam-masala ( se não encontrar,  pode usar Tikki Masala em pasta )

óleo de sésamo

sumo de limão

sal

pasta de alho e gengibre

 

Para o molho:

cominhos

pimenta vermelha

cebolas

alho

gengibre

paprika ou colorau

tomate fresco maduro

yogurte grego natural sem açucar

coentros

cardamomo ( opcional )

castanha de caju ( opcional )

 

Preparação:

Juntar à galinha todos os ingredientes da marinada num recipiente. Misturar bem. Deixar marinar no frigorífico um bom par de horas ou de um dia para o outro.

Numa frigideira grande com tampa ( alemã) leve a fritar os pedaços da galinha em óleo de milho com manteiga. Retirar do fogo quando estiverem dourados, antes de estarem completamente cozidos por dentro.

 

Entretanto já preparou o molho, juntando todos os ingredientes referidos, num liquidificador ( se for Bimby, é velocidade 7 durante 10 segundos ), até ficar com uma consistência líquida mas ainda pastosa.

 

Junte o molho à galinha e deixe ficar a refogar lentamente, em fogo baixo, até esta estar tenra.

É neste momento que decide qual o grau que quer para "amanteigar"  a sua receita, provando e medindo a quantidade que quer juntar ( ou não ) para ficar a seu gosto. Aqui também há quem junte natas líquidas ( influência da versão inglesa ) : eu não o fiz, porque prefiro adicionar mais yogurte grego ao molho antes de cozinhar do que adicionar natas a um sabor que neste ponto está no seu esplendor.

 

Sirva com arroz basmati cozido em farta água temperada com pouco sal e salsa ( dez minutos e escorrendo imediatamente para o arroz ficar solto ) e manga cortada em tiras.

Vão de Costeletas de Porco . . . iguais ao Barbecue.

Maurício Barra, 10.08.13

 

 

No Verão apetece os barbecues. Mas nem sempre é possível. Esta receita canadiana substitui muito bem o grelhado em fogo vivo. É muito fácil e incorpora dois sabores que juntos são mágicos : a carne de porco e o sabor agridoce.

 

Ingredientes:

ketchup

mel

molho worcestershire

 whisky

pimenta

paprika

 vinagre

açúcar amarelo

 

Preparação:

Cozer em água as costeletas em água temperada, até os ossos começarem a destacar da carne. Retire.

Preparar o molho: junte todos os ingredientes e emulsione. Cobrir com este molho toda a carne. Levar ao forno durante 20 minutos, pincelando a carne com o resto do molho da marinada duas ou três vezes.

 

Retirar, aspergir com açúcar amarelo e levar ao grelhador do forno para caramelizar.

Acompanhe com esmagado de batata temperada com azeite, cebola picada e salsa. 

. . . .para a Nigella . . . .

Maurício Barra, 03.08.13

 

 

Hoje o tema faz um desvio antes de chegar à "comidinha " propriamente dita.

Ver a Nigella Lawson a ser "estrafegada" pelo marido em directo perturbou qualquer homem que, por causa da voluptuosa senhora, sofre de visão dupla : olha para a cozinheira e vê uma Pin Up, olha para a Pin Up e vê uma cozinheira. Ambas bem simpáticas e com aquele toque de carinho que  transforma o mais empedernido numa esponja de banho ( esta foi boa , a da esponja de banho ).

Divorciou-se a senhora em menos de sessenta segundos, o que tranquilizou aqueles que momentaneamente ficaram preocupados com eventuais tendências sadomasoquistas de tão suave ícone. E, assegurou-nos, aos bem formados, que, a uma senhora, só se toca com uma flor. E que, senhora que é senhora, não admite a pior das traições, a da integridade física, linha a partir da qual abdica da sua dignidade.

Reconfortados, ficamos à espera dos "próximos programas". Que veremos com deleite, mesmo que os cozinhados propriamente ditos sejam por vezes colaterais à gastronomia, misturas agradáveis de sabores apropriados para colorir as refeições quotidianas das famílias de classe média do Reino Unido.

 

 

 

 

Mas, para lá deste momento funesto que a senhora atravessa, lembro-me sempre da Nigella quando, em viagem, nos hotéis escolho o pequeno almoço preferido da musa dos tachos : ovos mexidos com salmão fumado e dill. Experimentem : é realmente muito  bom.

Contudo, não quero deixar a rubrica sem uma sugestão da Nigella.

 

 

 

 

TRÊS PEIXES com MOLHO de TRÊS ERVAS

 

Os Peixes

Filetes de salmão, peixe-espada e atum

( escolha opcional, pode escolher outros )

azeite

 

O Molho

Azeite

Sumo limão

Raspa limão

Salsa picada

Alcaparras

Orégãos secos

Folha de manjericão

Sal e pimenta

 

Preparação

Misture todos os ingredientes do molho e deixe a macerar durante 15 minutos.

Frite/grelhe em pouco azeite os filetes dos três peixes, começando pelo salmão, depois o peixe-espada e finalmente o atum.

Sirva em cada prato três filetes diferentes vertendo algum molho por cima. Com o resto do mesmo tempere uma salada de diferentes alfaces para acompanhar os filetes.

 

BOM APETITE !

 

Queijadas há muitas !

Maurício Barra, 27.07.13

 

 

Portugal é o país das queijadas. Há para todos os gostos e "cada terra com seu uso". O que surpreende é que são muito fáceis de fazer e, sobretudo, rendem muito. Inclusive o chef Avillez criou para o seu restaurante umas queijadas de bacalhau, o que indicia que, qualquer dia, haverá tantas queijadass salgadas com as já há doces com os ,mais variados ingredientes. O que criará um problema de semântica, porque continuam a chamar queijada a um produto que não tem queijo nenhum.

Mas , tradição "oblige", trago-vos hoje as mais famosas receitas de queijadas portugueses, centenares e verdadeiras.

 

 

 

 

 

 

QUEIJADAS DA MADEIRA

 

Ingredientes: 

Para a massa: 

- 250 g de farinha de trigo;

- 250 g de manteiga;

- 2 colheres de sopa rasas de açúcar;

 

Para o recheio: 

- 500 g de requeijão;

- 500 g de açúcar;

- 12 gemas de ovos;

- 2 claras

 

Confecção:

Peneira-se a farinha com o açúcar, junta-se a manteiga e amassa-se esta mistura de maneira a obter uma massa bem ligada. Se necessário juntam-se umas gotas de água, mas aconselhamos que não o faça. Deixa-se a massa descansar durante 4 ou 5 horas.

Entretanto, passa-se o requeijão por uma peneira fina; adiciona-se o açúcar e mexe-se bem. Em seguida juntam-se as gemas uma a uma, mexendo bem entre cada adição, e finalmente as claras. Bate-se tudo até o preparado ficar bem homogéneo.

Passado o tempo de repouso, estende-se a massa muito fina e corta-se aos quadrados. No centro de cada quadrado coloca-se uma colher do recheio preparado. Dobram-se as pontas da massa sobre o recheio, de modo a ficar visível o centro.

 

Coloca-se cada queijada sobre um quadrado de papel manteiga, que por sua vez se coloca sobre um tabuleiro. Levam-se as queijadas a cozer em forno bem quente. À saída do forno unta-se a massa com manteiga.

(*) receita de Romeu Severim




 


 QUEIJADAS DE SINTRA 

 

Ingredientes:  

Massa:250 g de farinha; agua e sal  

Recheio:400 g de queijo fresco sem sal; 350 g de açúcar ;1 colher de café de canela; 4 gemas de ovos;60 g de farinha; 

 

Preparação: 

Prepara-se a massa com 24 h de antecedência e deverá ficar bastante rija. 

Para evitar que a massa ganhe crosta, cobre-se durante o descanso com um guardanapo seco, sobre o qual se põe um pano molhado. 

No dia seguinte passa-se o queijo (que não deve ter sal) pelo "passe-vite" e mistura-se com o açúcar. Juntam-se as gemas, a farinha e a canela e bate-se tudo de modo a obter um preparado homogéneo. 

Estende-se a massa muito fina com o rolo e a ajuda de farinha. Com um copo ou um corta-massa corta-se a massa em círculos com 6 cm de diâmetro. Com uma tesoura dão-se 6 golpes nos bordos da massa de modo a facilitar o enconchar e formam-se com os círculos de massa forminhas pequenas (tipo queques, mas com o fundo abaulado). Recheiam-se com o preparado, colocam-se em tabuleiros e levam-se a cozer em forno muito quente (cerca de 400º) durante 8 a 10 minutos.

 

 

 

 

 

QUEIJADAS DE ÉVORA

 

Ingredientes: 

1 colher de (sopa) de farinha de trigo

6 queijos frescos pequenos de ovelha

14 gemas

500 grs de açúcar

60 grs de manteiga

 

Para a Massa: 

60 grs de manteiga

água q.b.

200 grs de farinha

 

Preparação: 

Primeiro a massa: Amasse a farinha com a água mais ou menos 1,5 dl e o sal até obter uma massa macia. Depois junta-se a manteiga e mistura-se sem amassar muito; (depois de adicionar a manteiga esta não deve ser mais amassada). Estenda a massa muito fina, se for preciso polvilhe a mesa com farinha e forre as formas untadas com manteiga e banha em parte iguais. 

Agora o recheio: Desfaça os queijos com um garfo ou passe com a varinha mágica. Ao queijo amassado junte as gemas, e os restantes ingredientes; bata muito bem. Encha as forminhas já forradas e coloque-as num tabuleiro, leve a forno quente mais ou menos 30 minutos verifique com um palito. Depois de prontas, retire, desenforme e vire-as sobre uma superfície lisa polvilhada com açúcar.