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Sala de Jantar

As minhas receitas, as receitas de outros e umas deambulações pela gastronomia. Sabores com memória, sabores para partilhar.

Sala de Jantar

As minhas receitas, as receitas de outros e umas deambulações pela gastronomia. Sabores com memória, sabores para partilhar.

Fricassé

Maurício Barra, 31.03.12

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Isto de fricassés tem uma longa história. Confecção que faz parte dos hábitos da maior parte das famílias portuguesas, a sua origem, aparentemente francesa, tem muitas versões hoje estabilizadas em diferentes geografias gastronómicas.

Diz o Dicionário Thesaurus que Fricassé  "vem do francês fricassée, é uma preparação culinária de carne picada ou de aves partidas e refogadas com vários   temperos, ou meio  fritas, a que se juntam gemas de ovos e salsa picada". Esta base é a que em Portugal mais se utiliza. No mundo anglo-saxónico a receita sofre uma adaptação, na qual, em vez de se juntar sumo de limão aos ovos, se junta natas. Basicamente, o molho fricassé é uma forma de espessar e enriquecer o molho de um refogado simples, dando-lhe um sabor  untuoso e cítrico. Este preparo tem no Alentejo um primo muito antigo, na mesma franja de sabor, no qual é utilizado farinha e vinagre ( pézinhos de coentrada, sopa de cação, etc ), com o qual se atinge uma versão da mesma paleta de paladar.

Fricassés há de tudo o que se possa imaginar. Desde os corriqueiros de frango e pescada, à famosa versão francesa de Escargots au Fricassée ( com puré de cenoura e chalotas salteadas ), aos transversais fricassés de peru,cabrito, língua de vaca e, surpreendentemente, de pato ( este numa óptima receita recolhida por Maria de Lourdes Modesto em Cozinha Tradicional Portuguesa ).

A receita que vos apresente hoje é um up-grade da receita, cuja origem é a clássica gastronomia francesa, e que faz parte do livro "Mastering the Art of French Cooking" que deu fama mundial a Julia Child.

 

SALTEAR

1 quilo e meio de frango em pedaços ( seco com um toalha de papel )

1 cebola picada

cenoura e salsa também picados

4 colheres de sopa de manteiga

Cozinhe os legumes na manteiga em fogo médio por mais ou menos 5 minutos, até  estarem macios, mas não dourados. Empurre os legumes para um canto da panela, aumente o fogo e adicione os pedaços de frango. Vire a cada 3 ou 4 minutos até a carne estar  mais rígida, com uma cor de dourado pálido. Abaixe novamente o fogo, tampe a panela e cozinhe devagar por uns 10 minutos, virando os pedaços do frango uma vez. A carne deve ficar mais rígida, mas não deve ficar muito mais escura.

 

PARA ENGROSSAR

1/2 colher de chá de sal

1/8 colher de chá de pimenta preta moída

3 colheres de sopa de farinha de trigo

Polvilhe os pedaços de frango com o sal, pimenta e a farinha, primeiro de um lado, depois do outro. Cubra a panela novamente e deixe cozinhar bem devagar, por 4 minutos, virando os pedaços uma vez.

 

O CALDO

3 chávenas de caldo de galinha

1 chávena de vinho branco seco ou

2/3 chávena de vermouth branco seco

1 buquet pequeno de ervas:

salsa, louro e tomilho

Tire a panela do fogo e junte o caldo de frango fervendo, mexendo bem para o liquido se dissolver na farinha. Adicione o vinho ou vermouth, o buquet de ervas e mais caldo ou água até quase cobrir os pedaços de frango. Volte a panela ao fogo e cozinhe em fogo médio de 25 a 30 minutos. O frango estará cozido quando a carne estiver macia e o suco escorrer bem claro. Quando estiver cozido, remova os pedaços de frango da panela e coloque num prato.

 

A GUARNIÇÃO DE COGUMELOS

250 gr de cogumelos frescos , à sua escolha

2/3 de chávena de água

1/4 colher de chá de sal

1 colher de sopa de sumo de limão

2 colheres de sopa de manteiga

Limpe e corte os cogumelos. Numa panela coloque a água, o limão, o sal e a manteiga e leve ao fogo até ferver. Adicione os cogumelos, misture bem, cubra a panela e ferva, mexendo frequentemente por uns 5 minutos. Reserve.

 

O MOLHO

2 gemas de ovo

1/2 chávena de natas

Sal, pimenta preta moída

sumo de limão

Uma pitada de noz moscada

Cozinhe o líquido que sobrou na panela por 2 ou 3 minutos, aumente o fogo e ferva mexendo frequentemente com uma colher de pau, até o molho reduzir e engrossar.

Numa vasilha grande, bata bem as gemas com as natas usando o batedor de arame. Continue batendo e vá adicionando uma xícara do molho quente de colherada em colherada e termine adicionando o resto de uma vez só, batendo sempre .Coloque o molho de volta na panela e cozinhe em fogo médio, mexendo constantemente até o molho ferver. Deixe ferver por 1 minuto, sem parar de mexer com um batedor. Desligue o fogo, corrija o sal e a pimenta, adicione o sumo de limão e uma pitada de noz moscada. Passe o molho por uma peneira fina.

 

MONTAGEM DO PRATO

Numa travessa funda, coloque o frango, os cogumelos, adicione o molho por cima e sirva com arroz branco cozido com duas folhas de louro e sal. 

Vinaigrettes

Maurício Barra, 31.07.11

 

 

 

 VINAIGRETTES

Os molhos para salada são terreno próprio para a criatividade. De cada vez que se faz um, altera-se qualquer coisa que naquele momento faz sentido. Como sou fã de entradas com salada - têm a virtude de, sem tirarem o apetite,  prepararem o estômago para uma boa digestão - , faço vinaigrettes a torto e direito. Claro que tenho algumas que prefiro e outras que são base para futuras alterações. É destas últimas que vos apresento três sugestões. 
VINAIGRETTE CÉSAR

Ingredientes:
gemas de ovo
dentes de alho
óleo de milho
vinagre de cidra
alcaparras
croutons
bacon cortado aos pequenos quadrados
queijo da ilha ralado ( opcional )
Separar as gemas dos ovos e bater com a varinha. Esmague os dentes de alho, junte-os às gemas e misture bem. De seguida junte o óleo de milho ( pode utilizar outro que aprecie mais; azeite é que não ) lentamente, mexendo sempre até a mistura ficar espessa. Adicione as alcaparras e a quantidade de vinagre de cidra que considere adequado ao seu gosto, emulsionando sempre.
Sirva com croutons de pão e o bacon frito aos quadradinhos. Opcinalmente pode adicionar queijo da ilha ralado.

 VINAIGRETTE BALSÂMICA

Ingredientes:
óleo de milho
vinagre balsâmico
dentes de alho esmagados
mostarda 
folhas de basílico picadas
sal e pimenta preta
Juntar todos os ingredientes e misturar bem. Levar ao frigorífico pelos menos quatro horas antes de servir.

VINAIGRETTE COM MEL E MOSTARDA DE DIJON

Ingredientes:
azeite
vinagre de vinho
mostarda da Dijon
mel
molho Worcestershire
salsa
sal
molho Tabasco
Misturar bem todos os ingredientes e deixar repousar no frigorífico pelo menos uma hora antes 

 

Uma Ementa para Abril

Maurício Barra, 25.04.11
UMA EMENTA PARA ABRIL

Dizem as usanças que em Abril estão frescos os espargos, as ervilhas tortas, as alfaces despontam, os cabritinhos estão no seu melhor e, por estes lados, ninguém deixa de se deliciar com os mexilhões do Cabo da Roca, um hábito alimentar para observar a Sexta-feira Santa que se prolonga pelo mês todo. A talhe de foice, também é de registar o hábito ancestral de na dita Sexta da Paixão, pelo menos em Almoçageme, completar-se o bivalve com atum de barrica cozido à moda antiga ( quem estiver pelos Algarves, mais apropriadamente cerca de Vila Real de Santo António, não perca a barriga de atum fresca, produzida localmente : um manjar de luxo ). O calendário do mercado também assinala o auge do sável e dos ovos, entre outros alimentos.
Escolhamos alguns destes ingredientes para a ementa que vos sugiro.

 

 

 

 

 

     
Para começar sugiro uma comemoração adequada ao início da Primavera. Umas Margaritas para pôr a  boa disposição ao nível da temperatura. A receita verdadeira ( existem muitas variações, algumas saborosas, que fazem como os cucos: não são Margaritas, mas como têm algum componente idêntico,  dão-lhe nome emprestado com o qual não têm nada a ver ) .
MARGARITA
Ingredientes :
tequilha, Cointreau , limão, sal, gêlo, shacker 
A proporção base é a seguinte : três porções de tequilha, duas porções de Cointreau ( licor de laranja ), uma porção de sumo de limão ( ou de lima, se quiser menos ácido ). Colocar no shacker com bastas pedras de gêlo, agitar fortemente, servir em copo de cocktail com os bordos humedecidos nos quais fes aderir sal fino.
Entrem com a tequilha para a entrada. Sugiro duas, em alternativa.
OVOS MEXIDOS COM ESPARGOS VERDES
Simples de fazer. Prepare os espargos, convêm ser finos ( cortar pé, descascar parte inferior, levar a fritar em azeite até amolecerem, juntar ovos batidos ( os ovos inteiros como os espanhóis fazem nos revueltos ) e servir com tostas pequenas de pão de trigo.
MEXILHÃO À MARINHEIRA
versão das Ameijoas à Marinheira, como desde sempre se fizeram na Estalagem Muxaxo.
Abra os mexilhões frescos ao lume. Aproveite o liquido que  produzem. Retire meia casca a cada um deles.
Num tacho branqueie cebola picada em manteiga, adicione vinho branco sêco, junte os mexilhões, retire do lume e adicione natas para engrossar o molho. Não leva sal nem pimenta. É mesmo para saber a mar.

 

 

 

 

 

   
Para prato principal não vou repetir a receita de cabrito da Páscoa. Se a quiserem recordar podem consultar a que editei na Páscoa do ano passado. Vou sugerir um clássico, bem menos pesado, com uma ligação que dá ao conjunto um sabor ao qual retornamos com prazer.
São as costeletas de borrego à inglesa, hoje chamadas . . . 
COSTELETAS DE BORREGO COM MOLHO DE HORTELÃ, GRATIN LANDAIS E ERVILHAS TORTAS
Ingredientes :
costeletas de borrego ( cortadas em costeleta ou cortadas em vão do lombo)
farinha
azeite
limão, louro, salsa
hortelã
açucar, vinagre
batata, béchamel
ervilhas tortas 

Confecção :
Coloque as costeletas a marinar pelos menos duas horas em limão com louro e salsa.
Faça o molho de hortelã. Adicione à  hortelã  o açúcar e esmague as folhas num almofariz, com duas colheres de sopa de água a ferver. Deixe arrefecer e, em seguida, acrescente o vinagre. Faça uma emulsão  em pasta. Deixe arrefecer.
Coza as batatas com a pele, despele-as, corte-as às rodelas, ponha-as numa assadeira adicionando béchamel, temperado com sal, pimenta e noz moscada,  até cobrir. Leve ao lume a gratinar. Escalde as ervilhas tortas até amolecerem. 
Passe as costeletas por farinha e leve a fritar azeite.
Sirva-as com o gratin landais, as ervilhas tortas e o molho de hortelã.

Do Pil Pil à Musseline

Maurício Barra, 19.03.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DO PIL PIL À MUSSELINE

 
De molhos falo hoje. Uma das confecções  que mais aprecio para aparelhar o bacalhau é o clássico tratamento basco conhecido por pil-pil. Já o fiz algumas vezes, ou antes,  tentei fazê-lo, porque nem sempre me saiu como deveria ser. Devido a isso, fui adaptando procedimentos para que ficasse o mais aproximado possível. 
Obviamente que parti de pesquisa sobre a sua confecção, a primeira das quais do livro " 1080 Recetas de Cocina", de Simone Ortega, o mais tradicional e mais difundido livro de receitas espanhol. Posteriormente visitei outras sugestões e encontrei aquela que considero a  melhor via para a efectuar. Foi no blog " Outras Comidas", de Luis Pontes. Receita precisa, e, sobretudo, efectuada. É esta receita que vos apresento, pedindo indulgência ao autor.
Somo-lhe o pequeno "truque" a que eu recorro quando o molho não fica com a consistência devida.
 

BACALHAU PIL PIL 
Ingredientes:
Bacalhau alto, com pele
Alhos
Pimenta
Azeite virgem de muito baixa acidez
.
Preparação:
Leve os alhos ao lume muito baixo, cortados em fatias, nunca deixando fritar e até eles começarem a ganhar cor.

 

Retire-os, junte um pouco de pimenta e ponha os lombos com a pele virada para baixo.
Nunca deixe ferver; a temperatura deve ficar sempre abaixo da ebulição e a frigideira ou caçarola deve ser agitada em permanência durante a confecção do bacalhau. À medida que o bacalhau vai ficando confitado no azeite, a pele vai largando um líquido esbranquiçado que é constituído por gelatina.
Ao agitar a frigideira em movimentos circulares contínuos, as próprias postas actuam como agitadores e é provável que o pil-pil comece logo a formar-se, pelo que é aconselhável usar um recipiente com bordos altos para evitar derrames do azeite.
A alternativa, que usei neste caso, por a frigideira utilizada não ser alta, é retirar as postas para o prato e passar o azeite para um copo onde com o auxílio da varinha se emulsiona prontamente ficando o pil-pil com a consistência de maionese, com que se rega o bacalhau e que, por ser feita com os seus próprios sucos, fica com um sabor único e delicioso. Antes de terminado o pil-pil, há que prová-lo para verificar se o sal do líquido que saiu do bacalhau foi suficiente, o que depende de ter sido mais ou menos demolhado.
Servir com puré de batata, temperado a seu gosto.

Nota: Se quiser confitar o bacalhau do modo clássico, totalmente imerso no azeite a 80ºC, pode fazê-lo e, no fim, retira os dois terços superiores de azeite límpido para posterior utilização e faz então a emulsão pil-pil com o azeite do fundo e o líquido branco que o bacalhau confitado solta durante o processo. Neste caso, já não é necessário por a pele para baixo.Normalmente faço os confitados de bacalhau sem o imergir no azeite, apenas com cerca de um dedo de altura da gordura, que vou lançando em colheradas sobre a parte descoberta da posta. Com o devido cuidado em relação à temperatura do azeite, os resultados finais são absolutamente idênticos no que respeita à untuosidade e sabor do bacalhau.
O pequeno truque : se, por fim, a emulsão do molho não ficar ligada ou com a consistência devida, inicie o procedimento para elaborar mayonnaise ( gema de ovo mais, neste caso, a mínima quantidade possível de mostarda, para não adulterar o sabor do pil pil ), batendo com varas e juntando lentamente o azeite de confitar o bacalhau.


PESCADA COURT-BOUILLON COM MOLHO MUSSELINE
A ideia para hoje sugerir o molho musseline vem de uma solicitação de um Amigo, que procurava a receita original. Efectivamente, se procurarmos a sua receita, vamos deparar com as mais distintas versões. Uma autêntica cacofonia, mesmo nos sites franceses, onde praticamente é tratada como uma mayonnaise.  Em algumas versões adicionam açucar e sherry, calculem o que vai por aí. A origem destes dislates é este ser um molho clássico, que caiu em desuso quando, nos hotéis a " fase francesa" foi substituída pela gastronomia "terroir" e pelo catering. Daí eu ter recorrido aos mestres ( hoje chamam-se Chefs ). No caso ao Mestre Manuel Ferreira, que acabou a sua longa carreira a chefiar as cozinhas do Hotel Palácio, nos tempos áureos de Estoril. A edição do livro que escreveu que tenho na minha posse é de 1943 ( a Bíblia dos gastrónomos de então, numa fase em que  todas as confecções e  molhos tinham uma receita precisa, a qual denominava o prato a servir ).
Demos a palavra ao mestre.
O Molho Musseline, tal como o Molho Bearnaise, é um derivado do molho holandês.
Basicamente é molho holandês com natas batidas ( no qual as natas substituem a água morna )
                                                          
Ingredientes :
3 gemas
1 colher (sopa ) de vinagre ou de limão
250 g de manteiga 
sal
pimenta
3 colheres (sopa) de creme de natas

Preparação:
Bater as gemas com o vinagre em
banho-maria; acrescentar, aos poucos, a manteiga batendo
sem parar para que dobre de volume e fique na
consistência de  mayonnaise. Temperar com o sal e a
pimenta e retirar do lume. Adicionar as natas batidas, misturando-as suavemente.

Quase me esquecia da pescada ( ou outro peixe branco, em posta ou filete alto ).
Coloque num tabuleiro de ir ao forno, água, cebola e cenoura cortada, salsa, louro, alho esmagado, pimenta e pouco sal. Quando estiver a ferver, coloque o peixe, o qual deve ficar escassamente submergido no caldo. Conforme a espessura do peixe, deixe escalfar sem deixar cozer demasiado. ( pode também fazer este procedimento ao lume numa peixeira ou num tacho bastante largo, que permita as postas ficarem lado a lado ).
Servir com o molho musseline e batata cozida torneada.


Nota para registar : o Amigo que da Musseline pedia informação, surpreendeu-me com um " pormenor gastronómico " , que ele utiliza, com sucesso, sempre que faz um court-bouillon : adicionar aos condimentos vegetais uma colher de chá de folhas de chá Earl Grey. Assegurou-me a melhoria do resultado. Claro que vou experimentar. E disso vos dou conta. Vindo de quem vem, decerto que é um bom segredo bem guardado já há algumas gerações pela sua família.


Adenda : O procedimento estende-se a outros produtos. Um dos que reputo mais saborosos, infelizmente em desuso, são as batatas musseline. Eis a receita, também  recolhida no livro de Mestre Manuel Ferreira,  tal como vem descrita no livro.
 
BATATAS MUSSELINE
Coze-se ½ quilo se batas com as quais se faz puré, devendo ficar espesso.
Em seguida misturam-se 4 a 5 colheres de queijo ralado e natas correspondendo a um quarto do volume do puré.
Untam-se formas pequenas ( tímbalos para guarnições ), enchem-se com este preparo e polvilham-se com queijo ralado, levando-as ao forno a gratinar.
Servir um tímbalo, desenformado, por pessoa
Obs: excelente para acompanhar carnes assadas no forno.

 

 

Fondue

Maurício Barra, 05.09.10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FONDUE

 

Encomende no talho a vaca já cortada para fondue. Tem de ser uma carne sumarenta  e macia ( lombo, vazia ou alcatra )

Coloque-a numa travessa, sem temperar ( se adicionar sal a carne fica mais rija ), com um recipiente com flôr de sal ao lado.

Faça os môlhos ( ou, compre-os, adaptando-os antes de servir ), os quais podem ser :


Mayonnaise batida com Azeite e Tabasco

Mayonnaise com Molho Inglês, Ketchup e Whisky ( uma versão do molho  cocktail )

Chutney de Tomate

Molho Aiolli ( emulsão de azeite, alho e gemas de ovos ) ou

Molho de Alho ( alho, yogurte, mayonnaise e salsa, passados na varinha mágica )

Molho dee Anchovas ( mayonnaise, yogurte natural e anchovas picadas )

Molho de Caril com Hortelã ( yogurte, massa de caril, hortelã picada,limão )

Molho de Queijo  ( requeijão batido com Roquefort, yogurte natural e salsa picada )

Molho de Azeitona ( yogurte, massa de azeitona preta,azeite )

Compota de Morango

Mostarda de Dijon

 

Sugestão de acompanhamentos :


batata frita aos palitos

fruta ( ananaz, papaia, manga, morangos, uvas e kiwi )

espargos brancos

crudités ( tiras de cenoura, nabo, courgette,etc ) com molho vonaigrette

 

NB : e não se esqueça de colocar uma rolha no óleo do fondue, para não o deixar queimar.

Bife Raspado

Maurício Barra, 02.06.10

 

 

BIFE RASPADO

 

Os hamburguers são um produto que nos acompanha desde sempre, tal como os bifes raspados nas gerações anteriores. Nos últimos trinta anos, com a vinda para Portugal das cadeias de fast-food, este bife desceu de posto, infantilizou-se, foi segregado gastronómicamente devido à sua composição, com pouca carne ( ? ) e muitos molhos, pouco saudável, um paradigma da junk-food.

É pena. Os bifes raspados são uma tradição antiga em Portugal, uma refeição familiar destinada ao prazer dos mais miúdos e ...... dos mais graúdos. Boa, completa, que permite todos os acompanhamentos.

Tenho sempre no congelador bifes raspados feitos por mim. Hoje já não literalmente raspados ( o nome vem de quando ainda não havia picadoras ), mas picados, prontos para descongelar e confecionar. Mas hoje não vos vou maçar com as minhas receitas, apresento-vos seis receitas de seis reputados chefes de cozinha.

Faites vous jeux, ou seja , construam a vossa própria receita, seguindo ou misturando o que nos é proposto. Reabilitemos o verdadeiro bife raspado !

 

Hambúrguer de Luís Baena (chefe consultor Tivoli e Sonae)

 Para 1 pessoa

½ bolo do caco

folha de gelatina

15 g de manteiga

2 dentes de alho

180 g Carnalentejana DOP
30 g Tomate maduro

20 g espinafres

Vinagre q.b.
Azeite q.b.

Coentros q.b
Flor de sal q.b
Pão Ralado q.b.
 

Moldar a carne picada e guardar no frigorífico, tapada

Tirar a pele ao tomate, pô-lo num 'chinês' (coador) e espremer o melhor possível para passar a polpa e ficarem as sementes.

Pôr as folhas de gelatina 10 minutos em água fria, escorrer e derreter em lume fraco, juntando à polpa do tomate temperada com um pouco de flor de sal.

Preparar a manteiga à temperatura ambiente, misturar os coentros mal picados e 1 dente de alho muito picado.

Fazer um esparregado com o outro dente de alho e um pouco de azeite.

Temperar, deitar um pouco de vinagre a gosto e o pão ralado para lhe dar consistência para ser moldado.

Cortar o bolo do caco e torrar.

Fritar o hambúrguer temperado com flor de sal em azeite.


 

Hambúrguer em Focaccia com Cebola Caramelizada em Vinho do Porto,

de Fausto Airoldi (chefe Spot São Luiz)

 Para 4 pessoas

1kg de massa de focaccia ou quatro pães
500 g de carne de vaca picada com 30 % gordura (por ex: rabadilha, chambão ou cachaço)
200 g de cebola picada fina
100 g de pão ralado fresco
50 g de alho picado fino
Pimenta preta, cominhos em pó e sementes de coentros moídas
Sal q.b.

 

Para a cebola caramelizada

1 Kg de cebola em meias luas
100 ml de azeite
100 g de mel
500 ml de Vinho do Porto
100 ml de vinagre balsâmico

Misturar todos os ingredientes dos hambúrgueres, enformar e grelhar ou fritar com alho e louro

Refogar a cebola com o azeite e o mel em lume brando até começar a caramelizar

Juntar o vinagre e deixar caramelizar

Juntar o vinho do Porto aos poucos até caramelizar. Leva cerca de 30 minutos.

Temperar com sal e pimenta preta moída fresca

Servir quente em focaccia. Guarnecer com folhas de rúcula e uma fatia fina de presunto

 

Hambúrguer no Pão,

de José Avillez (  chef do Tavares e JA )
 
Para 4 pessoas

800 g de carne do acém de novilho
4 pães de hambúrguer
4 fatias de tomate coração de boi
4 folhas de alface portuguesa (folhas de dentro)
100 g de cebola em rodelas bem finas
40 g de mostarda Dijon
40 g de ketchup caseiro
2 dentes de alho
1 raminho de tomilho
1 noz de manteiga
Sal marinho q.b.
8 grãos de pimenta preta
Azeite q.b.

 

Pique a carne num picador próprio. Deverá ficar com um cilindro composto por ?fios?. Faça-o para cima de película aderente. Enrole o cilindro.

Com uma faca bem afiada corte, sem pressionar muito, hambúrgueres de 180gr a 200gr. Coloque dois grãos de pimenta em cada e guarde-os no frigorífico.

Tempere as fatias de tomate com sal marinho. Reserve por 20 minutos.

Com um fio de azeite e o dente de alho esmagado, caramelize as rodelas de cebola. Devem ficar crocantes.

Numa frigideira antiaderente, com o lume alto e um fio de azeite, salteie o hambúrguer 45 segundos de cada lado e tempere-o com sal marinho ou flor de sal.

Reduza o lume e acrescente o tomilho, o dente de alho e a manteiga. Deixe cozinhar mais uns minutos. Ponha a carne numa grelha e cubra-a com papel de alumínio.

Acrescente a cebola à frigideira e deixe caramelizar mais um pouco.

Aqueça no forno o pão durante quatro minutos (170ºC). Coloque um pouco de mostarda numa das faces e ketchup na outra.

Monte o hambúrguer: fatia de pão com mostarda, cebola, hambúrguer, alface, tomate e finalize com a fatia de pão com ketchup caseiro. Sirva ou coma de imediato.

 

 

Hambúrguer com Compota de Tomate,

de Mafalda Pinto Leite (autora de "Cozinha para quem quer poupar")

 Para 4 pessoas

700g de carne de vaca picada (em alternativa, vaca e porco em partes iguais)
1 colher de sopa de mostarda
1 colher de chá de molho inglês
1 cebola pequena, bem picada
1 dente de alho, bem picado
1 colher de sopa de salsa picada
½ colher de sopa de tomilho picad

1 ovo
4 fatias de bacon
4 pães para hambúrguer
Rúcula, para servir

 

Compota de tomate

400 g de tomate maduro, pelado, sem sementes
1 cebola vermelha pequena, bem picada
1 malagueta vermelha fresca, bem picada
2 dentes de alho, bem picados
¼ chávena de açúcar amarelo
¼ chávena de vinagre de malte
 

Para a compota de tomate

Corte o tomate em pedaços e misture com a cebola. Reserve por uns minutos.

Junte com os restantes ingredientes numa panela e cozinhe em lume médio. Quando começar a borbulhar, baixe o lume. Cozinhe 15 minutos ou até começar a ficar espesso. Tempere a gosto com sal e pimenta.

 

Para os hambúrgueres
Misture a carne, a mostarda, o molho inglês, a cebola, o alho, a salsa, o tomilho e o ovo. Enforme os hambúrgueres e guarde no frigorífico enquanto prepara o bacon.

Cozinhe o bacon numa frigideira com um fio de azeite ate ficar estaladiço. Retire e coloque num prato. Prepare o pão. Pode barra com maionese, mostarda, manteiga...o que desejar.

Tempere os hambúrgueres com sal e pimenta mesmo antes de cozinhar. Cozinhe de ambos os lados por 8 a 10 minutos ou até estar cozinhado a gosto. Coloque por cima do pão.

Cubra os hambúrgueres com a compota de tomate. Sirva com rúcula, se desejar.

 

 

Hambúrguer de Kobé,

de Olivier (chefe Olivier Avenida)
 
Para 8 pessoas

1kg de secreto de Kobé

100 g de cebola Branca

3 trufas negras pequenas

Um fio de azeite de Trufas
15 g de caldo de Carne
Salsa q.b
Pimenta preta q.b
Sal de Ervas (sal+coentro+manjericão+tomilho) q.b
Alho picado q.b
Azeite q.b
Salada
1 maço de rúcula
1 cabeça de alface roxa
Broto de Espinafre q.b
1 maço de alface
 

Cortar a cebola em meia lua e confitar em azeite, alho e com o caldo de carne. Reservar. Picar quando arrefecer.

Picar o secreto, a salsa, as trufas. Misturar tudo e temperar com sal de ervas, azeite, pimenta preta, salsa e a cebola confitada (reservar um pouco para finalização).

Enformar os hambúrgueres e grelhar.

Juntar os ingredientes da salada e temperar com sal, azeite e um pouco de vinagre.


 

O meu Hambúrguer Slow Food,

 de Maria de Lourdes Modesto ( gastrónoma )

 Para 4 pessoas

600 g de carne de vaca magra

1 cebola grande

2 colheres de sopa de manteiga
3 colheres de sopa de caldo de galinha caseiro
½ chávena de miolo de pão esfarelado
1 tira de pimento verde
1 ovo
Sal q.b.
Pimenta preta q.b.
Noz-moscada q.b.
1 colher de sopa de molho inglês
1 colher de sopa de farinha

 

Numa tigela juntar a carne, a cebola alourada na manteiga, o pão demolhado no caldo de galinha e a tira de pimento verde picada. Ligar tudo com o ovo.

Temperar com sal, pimenta preta do moinho, noz-moscada e o molho inglês.

Dividir o preparado em quatro partes e moldar cada uma com um pouco (pouquíssima) farinha.

Aquecer bem uma grelha antiaderente. Colocar os hambúrgueres e deixá-lo corar dos dois lados.

Para servir, colocar sobre cada hambúrguer uma argola de cebola frita. Lá dentro, pôr um pouco de ketchup e de mostarda Dijon.

A acompanhar: maravilhosas batatas fritas em palitos douradas e estaladiças e uma boa salada com muitos e variados legumes crus a que gosto de juntar alguns grãos de milho.

 

Chutney de Ameixa da Quica

Maurício Barra, 29.05.10

 

CHUTNEY DE AMEIXAS DA QUICA

´

A Francisca é fiel depositária das tradições e procedimentos gastronómicos que só as famílias antigas têm. Um dia, aflito com a produção vigorosa e de supetão das minhas ameixeiras, pedi intervenção. Sugeriu-me, além da compota, que fizesse chutney. Fiz e repito quase todos os anos.

Eis a receita :

 

CHUTNEY DE AMEIXA

 

1,75 kg de ameixa

4 cebolas picadas

2 dentes de alho esmagados

sumo de 1 limão

1 colher de sementes de mostarda

900 ml de vinagre

1 colher de gengibre ralado

2 colheres de sal

1 kl de açucar amarelo

 

Ferver as ameixas ( descaroçadas ), cebolas, alhos , sumo de limão, sementes de mostarda, e 600 ml de vinagre. Baixar o lume e deixar cozer durante uma hora.

Adicionar o gengibre, sal, açucar e restante vinagre. Continuar a ferver lentamente mexendo constantemente até engrossar.

Guardar em frascos fervidos, cheios até ao bordo.

Òptimo para vários pratos de carne e confecção de molhos compostos.